quinta-feira, 14 de julho de 2011

CRÍTICA: Kick-ass e a reinvenção do super herói

Há alguns meses me perguntei qual seria o futuro dos super heróis e então assisti a um filme chamado Kick-Ass: quebrando tudo (e confesso que me tornei fã). O filme, a primeira vista, tem um nome meio estranho (traduzindo para o português literalmente como "chuta bunda") e nos dá a sensação de que pode não ser tão interessante assim. Porém, após assisti-lo a minha reação foi: Uau, esse filme até que é legal
A trama gira em torno de um adolescente chamado Dave Lizewski (vivido no filme por Aaron Johnson) que se pergunta como é possível que com todas essas histórias de super heróis tão inspiradoras ninguém tentou se tornar um super herói. . Então resolvi comprar os quadrinhos para ter uma visão aprofundada da história. Kick-ass é uma HQ produzida por Mark Millar e John Romita Jr. O diferencial dessa história é maneira como o “super herói” que nomeia a HQ é construído, ou seja, totalmente fora dos padrões dos super-heróis que conhecemos com poderes sobrenaturais.
 Na verdade, Dave é um adolescente mais do que normal, fã de HQs que se pergunta como com tantas histórias de super-heróis e tantos fãs espalhados pelo mundo ninguém nunca tentou ser um super-herói. Dave, então, decide experimentar, o que acaba não sendo uma experiência muito bem sucedida já que ele é esfaqueado e atropelado em sua iniciação.
 Porém, ser um super-herói acaba se tornando uma obsessão e um vício para esse garoto que não consegue mais achar um sentido para a sua vida tão monótona se não for como kick-ass. Essa obsessão por algo a mais, por fazer a vida valer a pena é o necessário para transformar um high school student em um super herói. Como kick ass, Dave vê o seu ego enaltecido, é uma nova personalidade que surge através da roupa de mergulho, é o seu alter ego. Após salvar um completo desconhecido de ser espancado por alguns homens, Kick-ass torna-se um herói viral, já que um vídeo de sua corajosa ação vai para no YouTube. O sucesso dessa segunda identidade é expresso quando ele se refere ao número de amigos que ele possui e o número que Kick-ass possui na página do MySpace, uma diferença realmente significativa já que sua vida social como Dave praticamente não existe.
Após alguns acontecimentos, Kick-ass descobre que não é o único herói que existe. Ele conhece Big-Daddy (vivido por Nicolas Cage) e Hit-Girl (vivida por Chloe Moretz), que levam a sério a “profissão”, além disso, posteriormente outro herói surge, Red Mist (que na verdade não é bem um herói...). Kick-ass então percebe que ser um super-herói traz mais responsabilidades do que ele pensava e como já disse o tio de Peter Parker: com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.

A adaptação fílmica modifica algumas partes da HQ. Por exemplo, Katie Deauxma, a paixão de Dave, não tem uma relação além da amizade com o jovem herói (já que este finge ser gay para se aproximar da garota e a mentira não acaba muito bem), enquanto que no filme eventualmente eles começam o namoro. Outra diferença é a história de Big-Daddy, que na HQ não passa de um homem normal que quando adolescente era viciado em história em quadrinhos e que por isso criou para a sua filha (Mindy/Hit Girl) o mundo de aventuras que ele não pôde ter quando jovem. No filme, Big-Daddy realmente foi um policial que teve sua vida transformada em um inferno por um chefão do crime e desde que saiu da cadeia treina sua filha para que juntos possam se vingar. Outras modificações foram feitas, porém de menor relevância. Ah, vale a pena ressaltar que não falta sangue nos quadrinhos e que o filme me lembra um pouco o estilo Tarantino, tanto pelo soundtrack quanto por algumas cenas. E a cena de salvamento perto do final do filme é de arrepiar.
Kick-Ass é realmente uma boa fonte de diversão com personagens carismáticos (atenção especial para Hit-Girl, que se sobressai) e com uma história que pode ser até um pouco inspiradora para aqueles que se vêem em um mundo cheio de pessoas estáticas que não fazem nada para mudar a sua situação ou para ajudar ao próximo, nem das formas mais simples possíveis (claro que você não deve exagerar e se tornar um louco como o cara que tenta voar no começo da história e acaba bem mal). Mas o que eu gosto de levar de filmes ou de qualquer história que eu leio são as mensagens, por menores que sejam, e por um minuto eu gosto de pensar que aquilo pode ser realidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário