FILME: BATMAN- O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE (THE DARK KNIGHT RISES)
DIRETOR: CHRISTOPHER NOLAN
ELENCO: CHRISTIAN BALE, MICHAEL CAINE, GARY OLDMAN, MORGAN FREEMAN, TOM HARDY, ANNE HATHAWAY, JOSEPH GORDON-LEVITT, MARION COTILLARD.
Depois de sete anos, chega ao fim
a trilogia Batman de Christopher Nolan (A
origem), e posso dizer mais do que nunca que esse diretor tem o meu
respeito, afinal não é qualquer um que transforma um herói de histórias em
quadrinhos em uma lenda. Obviamente a
perfeição não seria possível, mas durante aproximadamente três horas de filme
passei da tensão ao choro e fiquei com a sensação de que o filme cumpriu o seu
objetivo de forma admirável.
A minha maior preocupação era:
será que esse filme vai pelo menos conseguir ser tão bom quanto The Dark Knight? Pois bem, o filme é
ótimo. Desde o primeiro (Batman
Begins) fomos transportados para uma Gotham City realista e com uma
atmosfera sombria jamais vista em outros filmes do herói. O trunfo de Nolan é
não ter subestimado seu público e ter criado uma história densa, profunda e
realmente boa para o herói que considero ser o melhor da DC Comics. Batman Begins (2005), baseado nas
histórias em quadrinhos de Frank Miller, Batman-
Ano Um, mostra como Bruce Wayne se torna o Batman e toda a sua luta pela
superação do trauma da perda de seus pais e como, ao enfrentar o seu medo, ele
foi capaz de se tornar o herói mascarado de Gotham.
Em The Dark Knight (2008), ele enfrenta um problema ainda maior, o
agente do caos, o homem que não possui história e não tem nada a perder, o
Coringa, inspirado em grande parte pelo quadrinho de Alan Moore, A piada mortal, brilhantemente vivido
por Heath Ledger. Esse vilão, diferentemente dos outros, é o eterno paradoxo do
Batman, como o próprio Coringa diz em sua cena final: É isto que acontece quando uma força que não pode ser detida encontra
um objeto que não pode ser movido (...). Acho que você e eu estamos destinados
a fazer isto para sempre. Nesse embate contra o crime e contra o homem que
quer provar que todos são corruptíveis, Batman tenta mais uma vez ser um
símbolo e acaba por se tornar um pária.
O terceiro filme (The dark Knight rises) retorna a temas e
a personagens abordados em Batman Begins,
como a Liga das Sombras. Somos introduzidos ao vilão Bane (Tom Hardy), um
mercenário que nos é apresentado no início do filme. Diferentemente dos antagonistas
dos filmes anteriores, Bane domina Gothan através do medo por ser possuidor de poder
físico e intelectual. Seu objetivo é destruir Gothan por completo,
representando e cumprindo com o objetivo da Liga das Sombras. Diante de uma paz
forjada, Gothan não mais conta com a ajuda de Batman, que foi considerado o
culpado pela morte do cavaleiro branco e herói da cidade, Harvey Dent, sendo o
Comissário Gordon (Gary Oldman) o único a ter conhecimento da verdade.
Bruce Wayne (Christian Bale),
depois de oito anos inativo como o vigilante mascarado, carrega o fardo de seu
passado e a dúvida sobre o seu futuro. O que fazer com Batman? Porém, com uma
nova ameaça à Gotham City, Bruce se vê obrigado a defender a sua cidade. O ponto problemático foi Bruce ter retornado ao traje de homem-morcego pelos motivos errados, o que
acaba com o afastamento de Alfred e com um desastroso primeiro embate com Bane,
embate que faz clara referência aos quadrinhos, no qual Bane fratura a coluna
de Batman. Seriamente machucado, Bruce é mandado por Bane para uma prisão que
somente uma pessoa conseguiu fugir (por falar nisso, essa pessoa é a chave para
o desenrolar da narrativa). Lá, Bruce Wayne tem que enfrentar as suas
limitações e seus medos; este é um lugar que o conduz à uma transcendência
espiritual e ao nascimento de um verdadeiro herói. Depois de se libertar da
prisão, Bruce retorna à Gotham City e tem o seu confronto final com Bane.

Joseph Gordon-Levitt (que eu
considero um dos melhores atores de sua geração e por isso uma ótima escolha) é
o policial John Blake, órfão e que na verdade é nada mais nada menos que Robin.
Em seu diálogo com Bruce Wayne, vemos como as duas personagens compartilham a
dor pela perda dos pais e como a máscara, não somente física, mas acima de tudo
psicológica os ajudou a conviver com um trauma que nunca se supera. O
diferencial é que Nolan enxergou um Robin diferente de todos os que já haviam
sido feitos. Um Robin que funciona como catalisador da personagem Bruce Wayne e
que não seria apenas um parceiro de Batman, mas sim o herdeiro de seu legado e
o homem que poderia seguir com o símbolo Batman.
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Bruce Wayne e Selina Kyle |
Selina Kyle (Anne Hathaway)
também não é uma mulher gato convencional, aqui ela é uma ladra brilhante que
usa seu charme não somente para roubar, mas para conseguir limpar a sua ficha e
mudar de vida. A personagem que leva
Batman ao encontro do vilão Bane de forma traiçoeira, se redime na batalha
final.
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John Blake e Jim Gordon |
O comissário Gordon (Gary Oldman)
vive um conflito interno por guardar um segredo de grande importância que é a
verdade sobre a morte e quem realmente era Harvey Dent. O querido mordomo
Alfred (Michael Caine), que tem como grande propósito proteger ser patrão, tem
cenas de grande dramaticidade (apesar da curta aparição no filme) que exploram
o talento de um ator de peso como Caine. E Lucius Fox é vivido, mais uma vez,
por todo o carisma e talento de Morgan Freeman.
Sobre a trilha sonora (que é algo que eu particularmente amo e acho que é a alma de um filme), Hans Zimmer (que também trabalhou com Nolan em The dark knight e A origem) é um gênio e conseguiu mais uma vez construir uma sinfonia que se encaixa e trabalha perfeitamente com a atmosfera do filme.
Sobre a trilha sonora (que é algo que eu particularmente amo e acho que é a alma de um filme), Hans Zimmer (que também trabalhou com Nolan em The dark knight e A origem) é um gênio e conseguiu mais uma vez construir uma sinfonia que se encaixa e trabalha perfeitamente com a atmosfera do filme.
A trilogia Nolan nos faz
mergulhar em problemas de ordem política, discutindo a corrupção, por exemplo,
e até de ordem psicológica, nos fazendo refletir sobre a dualidade humana e o
enfrentamento de traumas. Mesmo com tudo isso, é nesse terceiro filme que Bruce
Wayne passa por uma jornada que o leva ao ápice de sua humanidade, uma jornada
de um homem para um herói. Uma jornada de um herói para uma lenda.
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